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Curso sobre alimentação escolar para o Caribe capacita 100 profissionais

Durante três semanas, atividade fortaleceu as capacidades de profissionais de 8 países caribenhos

Brasília, 7 de dezembro de 2021 – Cerca de 100 profissionais de oito países caribenhos participaram nas três sessões do ´Treinamento de Capacidades do Caribe – Ferramentas e boas práticas para uma implementação bem-sucedida’, desenvolvido pelo projeto Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na América Latina e no Caribe, realizado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O treinamento teve como objetivo apresentar ferramentas práticas e experiências que já funcionam em diferentes países da região para o intercâmbio de conhecimentos com gestores caribenhos. Participaram profissionais das Bahamas, Belize, Guiana, Jamaica, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidad e Tobago.

O curso contou com palestrantes e especialistas em diversos temas como Escolas Sustentáveis, compras públicas da agricultura familiar e marcos legais para alimentação escolar, além de convidados que atuam na prática em países como Brasil, Guatemala, El Salvador, Chile, México, Trinidad e Tobago e outros. A atividade contou com o apoio da Comunidade do Caribe (Caricom) e da Agência Mexicana de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (Amexcid).

Escolas sustentáveis ​​e sustentabilidade dos PAEs

Iniciado no dia 16 de dezembro, o treinamento virtual teve como foco de seu primeiro encontro a metodologia Escolas Sustentáveis, desenvolvida pela Cooperação Brasil-FAO e que atualmente está sendo implementada em diversos países da América Latina e do Caribe. A sessão apresentou os seis componentes das Escolas Sustentáveis ​​como um roteiro, abordando sua importância no contexto da pandemia.

A articulação interinstitucional, as hortas escolares e o vínculo entre alimentação escolar e agricultores familiares foram considerados muito necessários pelos diferentes painelistas do curso. A sustentabilidade dos programas de alimentação escolar também foi discutida para garantir sua permanência, continuidade e universalidade, a partir da abordagem da política como direito humano à alimentação adequada para os alunos.

Compras públicas da agricultura familiar

Na segunda sessão, as compras públicas da agricultura familiar para programas de alimentação escolar foram o eixo central das discussões, principalmente na pandemia, que afetou as cadeias produtivas. Foi destacada a dificuldade de alguns produtores rurais em acessar o crédito e fazer parte do sistema de contratação pública. Por isso, foi defendido desburocratizar esses dois processos como uma solução.

A soma de esforços entre agricultura familiar e alimentação escolar foi destacada como uma necessidade para o fortalecimento da economia local, e que pode ser alcançada com participação social, articulação institucional, definição de orçamentos públicos e com comprometimento de longo prazo por parte dos políticos.

Como desafio, foi mencionada a venda de comidas baratas e de baixo valor nutricional nas proximidades das escolas e a dificuldade de atendimento às demandas das escolas por parte de alguns pequenos produtores. Os participantes também comentaram sobre a possibilidade de as hortas escolares serem potencializadas para oferecer um complemento diversificado no fornecimento de alimentação saudável aos estudantes.

Marco legal para a alimentação escolar

No terceiro e último encontro virtual do curso, os palestrantes de diferentes países elaboraram um passo a passo sobre a construção de um marco legal para a alimentação escolar, desde a conscientização da classe política até sua implementação. Constatou-se, por exemplo, que o processo exige o apoio da sociedade civil, articulação interinstitucional, definição de orçamentos, envolvimento da agricultura familiar, chamadas públicas, cardápios adequados e implementação de práticas de educação alimentar e nutricional (EAN).

A experiência de mais de 65 anos do programa brasileiro de alimentação escolar, que é referência para a Cooperação Internacional Brasil-FAO, também foi destaque nas discussões. Carslile Pemberton, presidente da Sociedade Agroeconômica do Caribe, apresentou uma sistematização do curso, destacando a importância dos diferentes componentes dos programas de alimentação escolar abordados durante o treinamento, do ponto de vista prático, ouvindo as pessoas que estão no campo a fim de fortalecer as capacidades dos gestores.

A voz das instituições

Representando o Caricom, Shaun Baugh afirmou que esse tipo de atividade continuará contando com o apoio da instituição e que a troca de experiências e conhecimentos foi incrível. Gloria Sandoval, diretora da Agência Mexicana de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (Amexcid), agradeceu o curso e as experiências brasileiras compartilhadas, destacando a necessidade de políticas públicas com enfoque integral que promovam a saúde, o desenvolvimento e a educação. “A alimentação escolar é ainda mais importante para os países neste momento. Foi um privilégio ter trabalhado conjuntamente nesse curso”.

Bruno Silva, assessor do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), disse que o Caribe tem um espaço fundamental no trabalho da Cooperação. “Foi um prazer participar e ouvir vocês. A caminhada pela sustentabilidade da alimentação escolar passa também pela identificação das pessoas certas em cada instituição. Foi o que aconteceu no Brasil e é o que continua acontecendo hoje nesta Cooperação”.

Ainda em nome do governo brasileiro, Paola Barbieri, analista de projetos da ABC/MRE, destacou que as três sessões tiveram práticas bastante específicas que ajudarão os profissionais a aprofundar suas capacidades, destacando o apoio das instituições parceiras e o interesse da Agência em continuar contribuindo a essas atividades, no âmbito do projeto e da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES). 

Como parte do encerramento do curso, Najla Veloso, coordenadora regional do projeto de alimentação escolar, descreveu a atividade formativa como uma das melhores possibilidades de diálogo sobre essas questões. “Encontramos pessoas que têm muita experiência, que trouxeram conceitos e práticas, resultados concretos e reflexões”, avaliou Veloso.

Najla destacou ainda que a RAES terá uma plataforma em três idiomas para continuar promovendo diálogos, debates temáticos, intercâmbio de experiências, notícias, oficinas e cursos para toda a região. A Rede é uma ferramenta de cooperação internacional criada pelo Governo do Brasil em 2018, com o apoio da FAO, para capacitar, compartilhar experiências, disseminar conhecimento e fortalecer programas de alimentação escolar na região.

Ao final, acrescentou: “Acreditamos no desenvolvimento das pessoas para que elas se sintam capazes. São as pessoas empoderadas que impulsionam as mudanças nas políticas sociais e na qualidade de vida das populações”.

Conteúdo publicado originalmente pelo projeto Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na América Latina e no Caribe