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Dez países participam da 2ª etapa do Curso de Alimentação Escolar para o Caribe e conhecem a política de AE na República Dominicana

Promovida pelo projeto de alimentação escolar da Cooperação Internacional Brasil-FAO, a delegação participou de palestras, visitas de campo e concluiu o curso.

Paulo Beraldo

Santo Domingo, 20 de março de 2023. O projeto regional de alimentação escolar da Cooperação Internacional Brasil-FAO realizou uma missão técnica internacional na República Dominicana com a participação de 10 países, de 13 a 17 de março. Foram apresentados conteúdos teóricos e desenvolvidas atividades de campo nos diferentes níveis de implementação da política de alimentação escolar daquele país.

A missão foi integrada por gestores e técnicos de programas de alimentação escolar dos Ministérios da Educação, Agricultura e Saúde de Belize, Brasil, Bahamas, Chile, Guiana, Jamaica, Santa Lúcia, Saint Kitts e Nevis, São Vicente e Granadinas e Trinidad e Tobago. Na ocasião, também foi desenvolvida a segunda etapa de um curso sobre alimentação escolar para participantes do Caribe.

Esta ação foi desenvolvida no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, executado por meio da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional do Ministério da Educação (FNDE/MEC) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), por meio do projeto Consolidação dos Programas de Alimentação Escolar na América Latina e Caribe.

Cooperação: transformando vidas

A presidente do FNDE, Fernanda Pacobahyba, participou da missão e garantiu o compromisso do Brasil com a alimentação escolar na região: “Ficou muito claro o poder de todo esse trabalho de cooperação para transformar a vida das pessoas”, comentou. “Ouvimos legitimamente dos principais atores, nossos meninos e meninas, o quanto eles amam a alimentação escolar e conhecem a importância de uma boa nutrição.”

Pacobahyba também destacou o papel da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), criada pelo Governo do Brasil para aprofundar o diálogo e a troca de conhecimentos sobre alimentação escolar na América Latina e Caribe.

Paola Barbieri, analista de projetos da ABC/MRE, acrescentou que a alimentação escolar é uma das prioridades da instituição. “Acreditamos que a alimentação escolar garante o Direito Humano à Alimentação Adequada. É muito importante para o governo brasileiro compartilhar as boas práticas desse programa que temos há mais de 67 anos”.

Rodrigo Castañeda, Representante da FAO na República Dominicana, agradeceu o apoio da cooperação brasileira e destacou o trabalho de diferentes instituições e comunidades locais na implementação da política de alimentação escolar. “A escola pode ser articuladora do desenvolvimento rural. Nosso compromisso é que esta seja uma política pública de Estado, para que juntos possamos fortalecer a alimentação escolar em todos os nossos países”, afirmou.

PAE na República Dominicana: quase 2 milhões de alunos

O diretor do Instituto Nacional de Bem-Estar Estudantil (INABIE) da República Dominicana, Victor Castro, destacou que a alimentação escolar é um compromisso do Estado. Ele detalhou o processo de construção da Lei de Alimentação Escolar e destacou que este é “o programa social mais importante do país”, com impacto em mais de 712 mil famílias dominicanas e beneficiando 1,8 milhão de estudantes. Castro acrescentou ainda que a missão ajudou a intercambiar experiências para que a alimentação escolar local seja consolidada e fortalecida.

Israel Ríos Castillo, oficial de nutrição da FAO, destacou que a cooperação da organização com a ABC/MRE e FNDE/MEC é uma das mais importantes para a FAO. “Peço a vocês que assumam o compromisso com este programa de alimentação escolar na América Latina e no Caribe. É o nosso programa, foi criado neste continente e devemos defendê-lo e protegê-lo”.

Visitas em escolas

Durante a semana, a comitiva visitou duas escolas com infraestrutura adequada para alimentação escolar. “É importante que meninos e meninas comam na escola, não apenas se alimentem, mas também adquiram bons hábitos alimentícios. Que expliquemos a eles a importância de uma alimentação saudável, de comer vegetais e ter uma alimentação balanceada”, disse Clara Josefina Henriques, diretora da Escola Hora de Dios, de Santo Domingo. “Nossos estudantes mudaram muito seus hábitos nos últimos anos.”

A outra escola foi o centro educacional Mata Limón, em Monte Plata, uma Escola Sustentável que faz parte do trabalho da Cooperação Internacional Brasil-FAO em alimentação escolar na região. Para a aluna Keyla Jasmil, que faz parte do comitê de alimentação escolar de sua escola, é muito importante aprender sobre educação alimentar e nutricional e difundir esse conhecimento: “Se alguém da minha família está se alimentando mal, posso dar sugestões que podem ajudar a mudar. Tenho visto meus amigos muito mais saudáveis, com mais força e energia para o dia a dia”, disse. A escola também possui uma horta onde os estudantes aprendem sobre diversas disciplinas, como ciências, inglês e matemática.

Agricultura familiar

A agricultura familiar dominicana, protagonista da política de alimentação escolar, também foi apresentada aos participantes da delegação. O grupo visitou a região de Constanza, onde foi formada uma cooperativa de produtores que hoje beneficia 52 famílias. Foram promovidas capacitações em boas práticas, assistência técnica e apoio para garantir acesso aos mercados público e privado.

O produtor Bernardo Díadía diz que os agricultores melhoraram e aperfeiçoaram as técnicas de produção. Hoje são cultivados morangos, alfaces, batatas, pimenta, cebola, cenoura, entre outros, que são consumidos na comunidade e vendidos para outros mercados. “Começamos com cursos, criamos uma cooperativa, passamos a vender sem intermediários para diversos supermercados e empresas. Não é fácil, mas mostramos que é possível”. A Cooperativa dos Agricultores de Villa Poppy foi a primeira entidade desse tipo no país a obter o Cadastro de Provedor do Estado.

Para o agrônomo e diretor do programa de agricultura familiar da entidade Supérate, Arturo Bisonó, a política rural deve levar em conta todas as variabilidades das realidades. “Nossa tarefa é levar o produtor rural da forma mais sustentável e rápida para que ele possa vender diretamente, garantindo qualidade, segurança e constância ao mercado que deseja esses produtos”, afirma.

Curso

A segunda etapa do curso Programas de Alimentação Escolar e Educação Alimentar e Nutricional também foi realizada na missão, com participantes de Belize, Bahamas, Guiana, Jamaica, Santa Lúcia, Saint Kitts e Nevis, São Vicente e Granadinas e Trinidad e Tobago. A atividade promoveu um espaço de aprendizado teórico e vivencial, com um encontro entre os países do Caribe que trabalham para melhorar a qualidade de seus programas de alimentação escolar. 

“Poder compartilhar boas experiências e pensar em soluções conjuntas foi enriquecedor para todos os participantes e criou relações profissionais benéficas para a continuidade deste trabalho”, comenta Gabriela Ayon Chang, facilitadora do curso.

Durante o curso, foi realizada a etapa de conclusão da Estratégia Conjunta para o Fortalecimento de Programas de Alimentação Escolar Sustentável (PAES) na América Latina e Caribe (LAC) – ambiente seguro durante e pós pandemia, um curso de curta duração sobre manipulação de alimentos e questões de segurança alimentar. A estratégia foi promovida pelos programas de Cooperação Sul-Sul Trilateral Brasil-FAO e Brasil-PNUD em El Salvador, Guatemala, Honduras, Paraguai, Peru, República Dominicana, Belize, Granada, Guiana, São Vicente e Granadinas e Santa Lúcia .

A primeira fase da Estratégia tratou da gestão e fornecimento de aproximadamente 600 kits em 11 países da ALC, e a segunda foi a capacitação de técnicos nacionais em segurança, higiene, infraestrutura, manuseio e qualidade do preparo de alimentos, realizada nessa missão na República Dominicana.

Avaliações

Para Latoya Smith, de Trinidad e Tobago, o que mais chamou a atenção foram os comitês de segurança alimentar e alimentação escolar com a participação de estudantes e famílias. “Vi um futuro possível aqui, com as pessoas da comunidade fazendo parte do processo dentro das escolas. É algo que podemos implementar em Trinidad e Tobago.”

“Pudemos ver o impacto da alimentação escolar na prática, em diálogo com estudantes e agricultores familiares”, disse Mahendra Phaghwah, coordenador do programa nacional de café da manhã do Ministério da Educação da Guiana, acrescentando: “A alimentação escolar não discrimina e não é um programa de vulnerabilidade, é para todas as pessoas”.

Para Bertland Bates, do Ministério da Agricultura da Jamaica, a experiência de envolver a agricultura familiar na alimentação escolar e a infraestrutura das escolas para oferta de alimentos foram os dois destaques. 

A coordenadora do projeto de alimentação escolar da Cooperação Internacional Brasil-FAO, Najla Veloso, avaliou que a missão promoveu um espaço de diálogo e intercâmbio entre os países do Caribe. “Foi uma ocasião para convocar os países irmãos a pensarem juntos como podemos construir um continente e um mundo melhor, onde todos os estudantes comam, aprendam e melhorem suas condições de saúde, movimentando a cadeia alimentar regional com a agricultura familiar. Foi possível entender que é possível fazer isso cada vez melhor, como fazem em seus países, no Brasil e como está fazendo a República Dominicana”.