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‘Plataforma eleva alcance e acesso a informações sobre alimentação escolar’, diz Representante da FAO Brasil

Rafael Zavala comenta a criação da plataforma trilíngue da RAES e afirma que a alimentação escolar é chave para transformar a cultura alimentar e os sistemas alimentares

Paulo Beraldo

Transcender as fronteiras regionais e promover a alimentação escolar como elemento de mudança na transformação dos sistemas alimentares e na melhoria da cultura alimentar. Por meio da intensificação do intercâmbio de informações e experiências, o Representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, considera que a nova plataforma do RAES será essencial para ampliar o alcance das discussões sobre alimentação escolar na região.

“Com esses três idiomas, cobrimos praticamente todo o continente americano, que, aliás, é o continente mais obeso do planeta. A alimentação escolar deve ter um grande papel no combate à obesidade e outras formas de desnutrição”, avalia. Abaixo a entrevista completa concedida à plataforma RAES.

Rafael Zavala, Representante da FAO no Brasil. Foto: FAO Brasil

Que importância o senhor vê para a RAES o fato de desenvolver e divulgar uma plataforma disponível em três idiomas: português, espanhol e inglês?

A plataforma é muito bem-vinda porque torna ainda mais acessíveis os eventos mais inovadores e relevantes da alimentação escolar em nossa região, em um só lugar. É uma ação que, sem dúvida, fortalece institucionalmente os técnicos dos países na medida em que encontram ali um espaço de troca de informações, experiências, boas práticas e construção conjunta de conhecimento, pois também terão um espaço – o Fórum de Diálogo – em que podem opinar e participar dos debates.

Portanto, acredito que a palavra-chave é acessibilidade. A maioria dos países da América Latina fala espanhol, mas as outras duas línguas significam ainda mais representação. De um lado, do país mais populoso da região – o Brasil – e, de outro, de mais de uma dezena de países caribenhos de língua inglesa. Além disso, com esses três idiomas, cobrimos praticamente todo o continente americano, que por sinal é o continente mais obeso do planeta e a alimentação escolar deve ter um grande papel no combate à obesidade e outras formas de má nutrição.

O que significa esse novo passo para a Cooperação Brasil-FAO em alimentação escolar?

Acredito que constitui uma nova etapa da Cooperação Internacional em alimentação escolar ao materializar e consolidar o trabalho realizado nos últimos anos no sentido de fortalecer essas políticas em nível regional, por meio da atuação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Aqui a palavra-chave é escopo. Essa plataforma dará maior potencial de expansão de eventos e intercâmbio de informações e experiências sobre a rede e sobre alimentação escolar na região. O que antes eram materiais físicos, de abrangência limitada e consequente utilização de papel, serão agora materiais de comunicação digital, em três línguas, com potencial de replicação e alcance nunca antes vistos.

O senhor costuma dizer que precisamos transformar a alimentação escolar em um ‘game changer’. Como a plataforma, ao dar visibilidade e fortalecer a estrutura da rede, contribui para esse objetivo no âmbito da ALC?

Quando digo que a alimentação escolar deve ser um divisor de águas, quero dizer que deve ser colocada no centro do debate público de alto nível sobre a transformação dos sistemas alimentares e a mudança de nossa cultura alimentar. Está ficando cada vez mais claro que nosso desafio é transformar os sistemas agroalimentares. Esta é a visão da FAO. Transformar os sistemas alimentares para ter melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente e melhor qualidade de vida. Dizemos na FAO que são as quatro melhorias.

A alimentação escolar é uma poderosa ferramenta política para construir e promover uma nova cultura alimentar, mais saudável e sustentável, para que possamos ter mais tempo para saber de onde vem a comida, quais são seus efeitos no nosso corpo e na nossa saúde. Temos que estar muito mais informados sobre o que temos na mesa e a alimentação escolar, por meio de ações de educação alimentar e nutricional, certamente abre caminho nessa direção.

Dessa forma, a alimentação escolar pode ser um divisor de águas, transformando os sistemas alimentares e, por meio da promoção de ambientes alimentares saudáveis ​​nas escolas, sendo um elemento fundamental para melhorar a cultura alimentar das crianças e suas famílias.

Na sua avaliação, quais serão os melhores resultados que essa plataforma trará ao longo do tempo?

Os melhores resultados dessa plataforma seriam um maior comprometimento dos países da América Latina e Caribe e também de outras regiões do planeta em nossos diálogos, intercâmbios e construção de conhecimento. Países e gestores podem e vão se reconhecer nas experiências, desafios e soluções encontradas, não importa em que região estejam.

Esta plataforma, com acompanhamento e planejamento adequados, certamente transcenderá as fronteiras regionais e em breve poderemos falar de uma plataforma intercontinental para promover a alimentação escolar como o divisor de águas da transformação dos sistemas alimentares e da mudança na cultura alimentar.