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‘Queremos aprofundar o diálogo em alimentação escolar na região’; leia entrevista com Karine Santos

Para a Secretária de Modalidades Especializadas de Educação do Ministério da Educação do Brasil, Karine Santos, a organização dos países em rede é instrumento técnico e político para aprimorar a articulação regional e fortalecer os programas de alimentação escolar em cada país.

Paulo Beraldo

O trabalho conjunto e em rede é fundamental para aprofundar o diálogo e a cooperação em alimentação escolar na região da América Latina, no Caribe e no mundo, avalia Karine Silva dos Santos, que coordenou por mais de seis anos o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, executado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE/MEC).

Karine, que agora é Secretária de Modalidades Especializadas de Educação, comenta que, para o Brasil, é valioso manter a articulação em alimentação escolar cada vez mais intensa e aprofundada. “A ideia é iniciarmos com os países da região e posteriormente transformar a RAES em algo global, fortalecendo esta política estruturada que merece ser reconhecida, divulgada e implementada para garantir o alimento aos estudantes”, comentou. “Sabemos que muitas nações ainda precisam de uma política de alimentação escolar, até mesmo alguns países desenvolvidos”. Abaixo, a entrevista completa.

Qual é a importância de termos uma rede de países cada vez mais consolidada e articulada em alimentação escolar, especialmente nesse momento desafiador que a pandemia impõe? 

A consolidação da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES) fortalece um espaço em que podemos garantir a interlocução, o intercâmbio de experiências, a articulação e a demonstração de como os programas de alimentação escolar avançam e se consolidam nas políticas internas dos países.

Nosso objetivo é fazer valer o direito humano à alimentação adequada e saudável. Para isso, precisamos de estratégias que nos levem a dar visibilidade para as ações que propiciem a garantia desse direito. Na minha perspectiva, trata-se de uma grande engrenagem: dar visibilidade para que a política se consolide e então se chegue ao objetivo de garantir alimentação escolar para o maior número de estudantes.

Karine Santos em evento no FNDE.

Por que o Brasil tem se esforçado tanto na implementação e no fortalecimento da RAES?

Há algumas décadas, vivemos em um mundo globalizado e essa tendência vem se tornando cada vez mais forte. Na pandemia, isso ficou ainda mais evidente, com a possibilidade de mantermos a articulação internacional mesmo não tendo contato físico com representantes de outros países. O mais importante, para nós, é conseguirmos levar a informação de que as políticas de alimentação escolar sustentáveis conseguem garantir vários benefícios tanto para os estudantes, que são beneficiários diretos das políticas, como para os atores secundários. E aqui me refiro aos agricultores, a nutricionistas e à comunidade escolar como um todo.

Faço uma menção específica aos agricultores familiares, que podem, através das compras públicas, vender seus produtos para o Estado. Isso favorece a renda local e o desenvolvimento econômico daquela região. Além do fornecimento, há outro eixo da política, que é a garantia da formação de hábitos alimentares mais saudáveis. Com a educação alimentar e nutricional, trabalhamos em benefício dos estudantes, daquela comunidade escolar, dos professores, dos coordenadores, das nutricionistas, das cozinheiras e das famílias. Então, conseguimos com a Rede trabalhar grandes eixos intersetoriais, fortalecendo e impulsionando esse movimento de consolidação da alimentação escolar a nível nacional e internacional. 

Qual a importância de a RAES ter uma plataforma disponível em três idiomas – português, espanhol e inglês? 

Para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), é muito valiosa a oportunidade de compartilhar com nossos colegas de outros países as nossas experiências utilizando o maior número de idiomas possíveis. O momento da pandemia e a agilidade com que lidamos com ela, em um cenário novo, desafiador e difícil, mostrou que o intercâmbio de experiências é uma solução viável e enriquecedora para todos os envolvidos. E trabalhar com outras línguas permite que essa informação chegue mais rápido e para mais gente. Então, para o Governo do Brasil, é muito importante, valioso e interessante manter esse diálogo cada vez mais intenso e aprofundado.

Na avaliação da senhora, quais serão os melhores resultados trazidos por esta plataforma ao longo do tempo?

A plataforma é um instrumento técnico e político para melhorar nossa articulação regional e, futuramente, mundial. A ideia é iniciarmos com os países da região e posteriormente transformá-la em algo global, fortalecendo esta política estruturada que merece ser reconhecida, divulgada e implementada por vários países. Sabemos que muitas nações ainda precisam de uma política de alimentação escolar, até mesmo alguns países desenvolvidos.

Então, a RAES tem em si o objetivo de articulação e a plataforma é o instrumento que permite isso. É essencial termos um espaço para divulgar nossos materiais, conteúdos, experiências, os desafios diante de vários cenários, como o da pandemia, que ninguém esperava. E também termos um espaço para receber e difundir essas experiências dos países. A plataforma é o espaço possível para a manutenção de um diálogo contínuo e permanente para mantermos a articulação internacional em alimentação escolar. Minha expectativa é que a RAES seja fortemente difundida, que os países entendam que essa Rede é promotora de programas alimentares sustentáveis e que ela possa servir de ferramenta para garantirmos de fato o acesso à alimentação para o maior número de estudantes possível.