Logo Raes__Es
fao
Search
Close this search box.

“Se trabalhamos juntos, tudo funciona melhor”; entrevista com Hugo Tintel, do programa de alimentação escolar de Paraguai

Especialista destaca o valor da RAES como um espaço regional de diálogo e intercâmbio de conhecimentos sobre alimentação escolar

Paulo Beraldo

BRASÍLIA, 21 de setembro de 2022 – “Se todos nós trabalharmos juntos, tudo fica melhor. E a RAES está permitindo isso”. Com estas palavras, Hugo Tintel, diretor da Diretoria de Bem-Estar Estudantil do Ministério da Educação e Ciências, do Paraguai, conclui sua entrevista para a plataforma da Rede de Alimentação Escolar Sustentável. 

Para ele, espaços como a RAES, ao reunir gestores de alimentos da América Latina e do Caribe, permitem o diálogo, a troca de experiências e o contato com outras realidades, configurando estímulo e apoio, principalmente em momentos de crise, como na pandemia de covid-19.

“É muito importante poder acompanhar as estratégias e iniciativas regionais de outros países”, afirma. “No Paraguai, fomos práticos, inteligentes e não paramos de atender meninos e meninas no programa de alimentação escolar durante a pandemia. A RAES nos apoiou muito nisso”.

Hugo Tintel destaca o conhecimento promovido por redes colaborativas, acrescentando que o atual princípio de globalização e intercâmbio técnico não pode ser ignorado. Ele avalia que o intercâmbio com os países apoiados pela Cooperação Internacional Brasil-FAO, pela FAO e pela RAES permitiu avançar para uma visão mais completa e complexa da alimentação escolar.

“Devemos pensar não só na chegada do prato fresco, mas na sua qualidade, na cobertura estudantil, na educação alimentar e nutricional e na vinculação com a agricultura familiar”, acrescenta. “Não podemos reconhecer os avanços do programa de alimentação escolar paraguaio e da individualidade como país sem aceitar que isso tenha surgido por meio de debates, conversas, diálogos e trocas”.

Tintel defende a necessidade de trabalhar previamente os aspectos legais relacionados à alimentação escolar e à compra e venda de alimentos entre as nações. Sempre respeitando a cultura alimentar. Segundo o paraguaio, isso permitirá uma reação favorável em situações de falta de determinados produtos. E ele vê benefícios especialmente para a alimentação escolar com essas mudanças.

Hugo Tintel (de gravata roxa) em evento no Brasil com Garigham Amarante, diretor de ações educacionais do FNDE, de Luiza Lopes, vice-diretora da Agência Brasileira de Cooperação, e de Rafael Zavala, Representante da FAO no Brasil

Para isso, seria necessário dialogar e discutir conjuntamente a legislação com os dispositivos legais e constitucionais de cada país, além de encontrar modelos de intercâmbio econômico de importação e exportação de determinados produtos, facilitando a legislação comum. “Poderiam ser unificados aspectos que nos permitiriam dar um salto qualitativo e oferecer proteção em relação a todas as regulamentações alimentares em nossos países, porque são diferentes. Isso ajudaria a evitar a escassez de alguns produtos.”

Tintel ressalta que tudo isso seria feito respeitando a legislação de origem, com acordos locais que encontrem um caminho mais inteligente de se fazer esse trabalho. “Seria um avanço muito significativo romper com as limitações de natureza normativa. Gostaríamos de ver possibilidades legais para continuar mantendo a qualidade da alimentação escolar, com foco na produção local e nacional e em aliança com produtos da região quando necessário.”

10 anos

Hugo Tintel (de azul) em missão para conhecer a alimentação escolar do Brasil

O especialista explica que o programa de alimentação escolar paraguaio está prestes a completar 10 anos e que tal política “está ungida, capitalizada e alicerçada nos princípios da cooperação internacional, com o apoio da FAO Paraguai e da Cooperação Internacional Brasil-FAO”. 

Ele destaca que é o momento ideal para colocar na mesa com os países da região todos os desafios a serem resolvidos. “Este marco nos permite revisar e propor, ver possíveis ajustes legais na lei da alimentação escolar, falando sobre sustentabilidade, cobertura, desconcentração, pensando nacional e regionalmente”.

Para Tintel, um dos desafios é melhorar o processo de transparência do investimento público na alimentação escolar. No Paraguai, foi desenvolvido um sistema de gestão e informática com rastreabilidade do usuário, para mensurar o investimento por estudante, o que permite justificar como o programa beneficiou nutricionalmente, academicamente e a qualidade de vida de cada um. “É uma reflexão sobre as oportunidades que o Estado paraguaio ofereceu para este futuro capital humano e cidadão, justificando este investimento”.