Alimentação escolar como estratégia para garantir o direito humano à alimentação adequada foi destaque na XII Semana da Inclusão Social no Peru

Durante o evento, foi apresentada a iniciativa regional de alimentação escolar promovida pelo Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.

Paulo Beraldo e Palova Brito

Cajamarca, Peru, 24 de outubro de 2024 – No dia 24 de outubro, no âmbito da XII Semana da Inclusão Social, Najla Veloso, coordenadora regional do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO em alimentação escolar, participou da mesa temática “Segurança alimentar e nutricional: construindo um futuro saudável”. Durante sua conferência magistral intitulada “A segurança alimentar na América Latina e no Caribe”, Veloso apresentou um panorama do estado atual da insegurança alimentar na região e a importância dos programas de alimentação escolar.

A cooperação em alimentação escolar é realizada de forma conjunta pela FAO e pelo governo do Brasil, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) desde 2009.

Segundo Veloso, em 2022, 733 milhões de pessoas no mundo ainda sofrem com a fome, destacando que “ainda há muita insegurança alimentar e nutricional”. A coordenadora explicou que essa situação é agravada por vários fatores, entre eles a pandemia, as mudanças climáticas, a desigualdade social, a pobreza extrema e o acesso a alimentos saudáveis, além dos altos custos de dietas adequadas.

Sobre o contexto peruano, Veloso ressaltou que 7% da população enfrenta subnutrição e que 43% dos casos de anemia afetam crianças menores de três anos, o que sublinha a urgência de adotar medidas que enfrentem esses desafios. “Nossa responsabilidade é muito grande”, disse, ao acrescentar o compromisso da FAO e dos países em trabalhar pela transformação dos sistemas agroalimentares. Afirmou que é possível mudar o panorama tanto no Peru quanto no restante do mundo por meio de políticas públicas que promovam a produção sustentável de alimentos e o fortalecimento da proteção social.

Durante sua intervenção, ressaltou a relevância dos programas de alimentação escolar para garantir o direito humano a uma alimentação adequada, especialmente durante o período escolar. “A alimentação escolar impacta diretamente na vida dos estudantes e no desenvolvimento social dos países”.

Veloso destacou a Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES – www.redraes.org) como uma estratégia chave para apoiar os países na superação de seus desafios. “Muitos países já promoveram avanços em seus programas de alimentação escolar, incluindo o Peru, mas há muito a ser feito ainda”, afirmou. A coordenadora também anunciou que o Peru é um dos países que já formalizou sua adesão a essa rede. Acrescentou que na região, sete países já aprovaram leis de alimentação escolar, ressaltando o papel da Cooperação Internacional Brasil-FAO nesse cenário.

Em sua mensagem de encerramento, a coordenadora reiterou a importância de fortalecer as economias locais por meio da compra de alimentos da agricultura familiar, destacando que “as compras públicas são uma oportunidade para fechar lacunas” e contribuir para o desenvolvimento das comunidades rurais. O evento, que se concentrou nas múltiplas dimensões da pobreza e nas estratégias inovadoras para superá-la, ofereceu um espaço de intercâmbio de experiências e conhecimentos. O objetivo foi fortalecer o compromisso dos atores envolvidos na construção de um Peru mais justo e equitativo.