Escola combate o desperdício e ensina sustentabilidade às novas gerações com ações de educação alimentar e nutricional

Cerca de 125 crianças de 3 a 5 anos são impactadas pela experiência realizada na cidade de São Caetano do Sul, no sudeste do Brasil

Paulo Beraldo

São Paulo, Brasil, 03 de fevereiro de 2025 – Uma iniciativa inovadora no programa de alimentação escolar de São Caetano do Sul, no sudeste do Brasil, está trabalhando para formar hábitos mais saudáveis nas novas gerações de estudantes e reduzir o desperdício de alimentos. Inspirada pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2 e 12 (erradicação da fome e consumo e produção responsáveis), a EMEI Zilda Natel tem promovido práticas de consumo consciente com impacto positivo em cerca de 125 crianças de 3 a 5 anos de idade. 

Para isso, foram adotadas ações como o cálculo diário das refeições de modo a ajustar as refeições com base no número de estudantes presentes, além da implementação de um self-service infantil, promovendo aprendizado prático sobre porções adequadas e evitando desperdício. Também há um monitoramento contínuo sobre a experiência: uma vez ao mês, a equipe da alimentação escolar recebe relatórios sobre o consumo de alimentos para realização de possíveis adequações no envio dos produtos – tanto para mais quanto para menos. 

Priscila Bombassei Amorim, diretora da EMEI Zilda Natel, menciona a importância do envolvimento coletivo para o êxito dessa iniciativa, com participação de professores, serventes, auxiliares, merendeiras e gestores trabalhando juntos no aprimoramento das práticas. 

“As crianças são as protagonistas do projeto, pois o movimento de servir-se é realizado por elas mesmas. O papel do educador é o de mediador do processo, tanto na supervisão para auxiliar no momento de servir-se quanto na retomada durante as rodas de conversas sobre a importância de colocar no prato somente a quantidade que irão se consumir e que, caso não seja suficiente, elas podem repetir a refeição, o que tem evitado o desperdício”, afirmou. 

Desafios superados

A implementação do projeto enfrentou desafios como a resistência inicial dos adultos em confiarem na capacidade de autonomia e entendimento das crianças pequenas de se servirem sozinhas no sistema de self-service. Educadores precisaram mudar sua abordagem e, com supervisão, observaram as crianças se alimentarem de forma responsável. Outro entrave foi a adaptação das merendeiras, que seguem protocolos documentais determinados pelo setor de merenda escolar com respeito ao controle de alimentação diário.  

Segundo Priscila Bombassei Amorim, o diálogo constante e as capacitações foram essenciais para superar esse ponto. Além disso, algumas famílias expressaram preocupação com a mudança. Para tranquilizá-las, a escola passou a compartilhar semanalmente nas redes sociais vídeos e fotos que mostram como estudantes estão se alimentando e interagindo durante as refeições.

Impactos positivos

Como impactos positivos dessa experiência, Priscila comenta que o lixo orgânico da escola foi reduzido e que os estudantes ampliaram sua autonomia e passaram a experimentar uma maior variedade de alimentos, reduzindo a seletividade alimentar. Além disso, houve readequação do envio de quantidade de alimentos perecíveis. 

“É uma prática inovadora, pois acreditamos que desde a tenra idade nossos pequenos são capazes de construir e ampliar valores de sustentabilidade ao consumir de maneira consciente os alimentos. Colaborando, assim, para evitar o desperdício dos alimentos e cultivar um mundo sustentável”. 

“Iniciativas como essa da EMEI Zilda Natel, em São Caetano do Sul, são exemplos inspiradores para o mundo porque mostram que algumas mudanças em ações diárias podem gerar grandes transformações. Ao educar as crianças sobre o valor dos alimentos e o impacto do desperdício, a escola está preparando cidadãos comprometidos com um mundo mais sustentável para todos ”, avaliou Najla Veloso, secretária-executiva da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES). 

A RAES é uma iniciativa da Cooperação Internacional Brasil-FAO em alimentação escolar, desenvolvida pelo Governo do Brasil, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), com o apoio da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).