Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Região Sul do Brasil
Antecedentes
Antecedentes Porto Alegre é a segunda capital com o maior número de pessoas com excesso de peso, a capital com o maior consumo semanal de refrigerantes e ultraprocessados e a capital com mais diagnósticos de diabetes. Por outro lado, é referência no Programa Nacional de Alimentação Escolar e possui projeto de educação ambiental reconhecido em sua rede de ensino. Portanto, foi criado um projeto para transformar hortas escolares em espaços de promoção de hábitos alimentares saudáveis, fruto da articulação de profissionais do âmbito municipal e estadual das áreas de saúde, educação, agricultura, alimentação escolar e meio ambiente.
Houve uma convocatória do Crescer Saudável, vinculado ao Programa Saúde na Escola (PSE), para a promoção de hábitos saudáveis e prevenção de obesidade infantil nos estudantes. Depois, foi elaborada a estratégia de tratar a horta escolar como um espaço de promoção da alimentação saudável, com a oferta de kits de equipamentos e capacitação para as escolas. A experiência ‘Horta escolar, do vasinho ao pomar’ foi finalista do Prêmio APS Forte: Integralidade do Cuidado, que reúne as práticas desenvolvidas pela Atenção Primária à Saúde em prol da saúde da comunidade, organizado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Atividades desenvolvidas
As ações começaram em 2019 com a chegada dos primeiros recursos do programa Crescer Saudável, do Governo Federal. Definiu-se conjuntamente com entes municipais e estaduais, das áreas de saúde, educação, o projeto de distribuição de kits com equipamentos para cuidar das hortas. Ao ouvir a rede municipal de educadores ambientais, identificou-se que aquisição de materiais e ferramentas eram um gargalo para a implementação de hortas.
O kit comprado continha enxada, ancinho, carrinho de mão e pá, em tamanho normal e pequeno para crianças. Foi elaborada parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para capacitação dos profissionais, com oferecimento de curso virtual. Houve grande interesse, com mais de 400 inscritos, que se organizaram em um grupo de WhatsApp atuante até hoje. O curso foi sistematizado e está disponível digitalmente, tratando de temas como o uso pedagógico das hortas, materiais sobre alimentação saudável, entre outros.
Os kits foram distribuídos em 2021, com a reabertura das escolas. O Departamento de Limpeza Urbana de Porto Alegre forneceu terra e compostagem gratuitamente, bem como o setor de agricultura ofereceu mudas. Então, foi dado o pontapé inicial com a estruturação das hortas e as ações realizadas por cada escola conforme suas peculiaridades e necessidades, totalizando 203 centros escolares nos quais as hortas foram convertidas em espaços fomentadores de hábitos alimentares saudáveis e educação ambiental de forma integrada.
Instituições envolvidas
Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre; Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul; Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre; Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul; Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Departamento de Limpeza Urbana de Porto Alegre; Centro Agrícola Demonstrativo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico.
Dados qualitativos e quantitativos
203 escolas da rede municipal, estadual e conveniadas receberam kits de ferramentas. Foram entregues 243 kits de ferramentas, quantidade que aumentou conforme a demanda e conforme a disponibilidade de recursos de parceiros para fomento do projeto.
Resultados alcançados
- Reconexão dos estudantes com a natureza;
- Compreensão do meio ambiente como um espaço a ser cuidado;
- Adoção de hortas escolares como ferramenta pedagógica;
- Discussões sobre o Direito Humano à Alimentação Adequada a partir desse espaço de produção;
- Aproximação dos estudantes com a produção de alimentos;
- Ações realizadas nas escolas são reproduzidas por muitas crianças em suas casas, assim como as famílias levam as experiências comunitárias para o espaço escolar, fornecem mudas e participam dos cultivos, quando possível;
- Articulação entre educadores das redes municipal e estadual, raramente colocados em espaços de trocas;
- Assuntos relevantes de cuidados relacionados à pandemia de COVID-19 também eram informados pelas redes estabelecidas;
- Articulação com órgãos que fornecem terra adubada e compostagem, e com aqueles que oferecem mudas de plantas e assessoria técnica
- ampliaram o acesso a recursos das escolas.
Desafios
- Estimular a compreensão de que horta é um espaço para promoção da alimentação saudável;
- Professores estão habituados a trabalhar com biologia, geografia, meio ambiente, tratar de alimentação é ainda algo novo;
- Cenário de crise econômica e insegurança alimentar torna dietas saudáveis menos acessíveis;
- Fazer mais formações com professores e diretores sobre o guia alimentar da população brasileira;
Avanços
- Trabalho nasce das mãos dos colegas servidores, de baixo para cima;
- Na prática das escola, cada uma adota estratégias conforme suas necessidades;
- Liberação de carga horária para professores, distribuição de insumos, materiais, com suporte e formalização;
- Hortas engajam a comunidade escolar em um espaço coletivo, de encontros e decisões;
- Faísca de possibilidades: nutrir não só alimentos, mas algo maior, com propósito, engajamento e participação.
Fotos de la experiencia:
Confira mais sobre o conteúdo sobre as hortas escolares
Veja o link das aulas: Projeto Horta UFRGS – YouTube
Instagram: @hortaescolar.poa