Maior evento mundial sobre nutrição infantil ocorreu entre os dias 9 e 12 de dezembro e reuniu mais de 450 profissionais de todas as regiões.
Paulo Beraldo
Brasília, Brasil, 13 de dezembro de 2024 – A Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES) participou dos quatro dias do Fórum Global de Nutrição Infantil (GCNF), realizado em Osaka, Japão, entre os dias 9 e 12 de dezembro. Esse é o maior evento mundial sobre nutrição infantil e a RAES teve a oportunidade de apresentar sua experiência na América Latina e no Caribe para participantes de cinco continentes.
A RAES foi representada pelas instituições que a implementam: a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), por meio da analista de projetos Paola Barbieri; o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), representado por sua presidente, Fernanda Pacobahyba, e pela coordenadora do Programa Nacional de Alimentação Escolar do Brasil, Karine Santos; e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), representada por Najla Veloso, coordenadora do projeto Agenda Regional para Alimentação Escolar Sustentável na ALC e secretária-executiva da Rede RAES.
O tema do Fórum Global de Nutrição Infantil foi “Programas de Alimentação Escolar na Era da Transformação dos Sistemas Agroalimentares”. Ao longo de quatro dias, foram realizadas reuniões plenárias e oficinas técnicas para promover o intercâmbio de experiências. Entre os principais temas discutidos estiveram a alimentação escolar na agenda global, o financiamento, mudanças climáticas e nutrição.
A presidente do FNDE, Fernanda Pacobahyba, apresentou a experiência da Rede RAES na ALC desde sua criação, em 2018, destacando a adesão formal de 17 países em 2024, as capacitações presenciais e virtuais realizadas, os intercâmbios de experiências, as missões técnicas e o apoio contínuo aos programas de alimentação escolar na região. Segundo Pacobahyba, a RAES foi resultado de um trabalho intenso de cooperação do Brasil na região com a FAO.
“A alimentação escolar faz parte do conjunto de políticas sociais bem-sucedidas, e acreditamos que a fome mundial ainda é uma decisão política. A alimentação escolar é uma ferramenta poderosa que pode ser usada por todas as nações”, afirmou.
O fórum do GCNF, realizado a cada dois anos, contou com a participação de cerca de 450 profissionais e tem como objetivo servir como uma plataforma internacional para que governos, universidades e outras instituições troquem experiências sobre programas de alimentação escolar. Além das discussões, o evento apresentou experiências de alimentação escolar no Japão e organizou uma visita a uma escola japonesa para observar na prática a implementação e execução da política.
“A Rede RAES compartilhou seus aprendizados na América Latina e no Caribe. É fundamental destacar que tudo o que foi construído na região fez da América Latina e do Caribe uma referência mundial em alimentação escolar. É muito importante ocupar esses espaços, mostrar nossos avanços e compartilhar aprendizados com nossos irmãos de todas as partes do mundo”, afirmou Najla Veloso, coordenadora da Agenda Regional para Alimentação Escolar Sustentável na ALC e secretária executiva da Rede RAES.
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
O Brasil teve destaque ao longo de todo o Fórum. Na sessão “Alimentação Escolar na Agenda Global”, o Coordenador-Geral de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério das Relações Exteriores, Saulo Ceolin, apresentou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa brasileira proposta durante a presidência do país no G20, lançada no mês passado.
Ceolin explicou como países, organizações internacionais, bancos e outras instituições podem aderir à Aliança, que atualmente conta com mais de 140 membros. Ao detalhar o funcionamento do conjunto de políticas públicas aprovadas e testadas coletivamente pelos membros, destacou que a política de alimentação escolar baseada em compras locais é uma das mais relevantes.
“A alimentação escolar é destacada em todas as negociações da Aliança e em seus documentos. Com base em pesquisas sobre o cenário internacional de cooperação e financiamento para o desenvolvimento global, é possível afirmar que a melhor forma de investir recursos para alcançar resultados rápidos no combate à fome e à pobreza é na alimentação escolar vinculada à produção local. No Brasil, sabemos que a alimentação escolar pode mudar cenários e transformar realidades, impactando não apenas no combate à fome e à pobreza e na melhoria nutricional, mas também na educação, saúde e, quando incluímos as compras locais, no desenvolvimento econômico, social e agrícola”, disse.
A alimentação escolar brasileira foi apresentada por Karine Santos, Coordenadora-Geral do PNAE, que destacou os desafios relacionados às compras locais em comunidades indígenas e quilombolas.
Outro destaque da participação brasileira no Fórum foi a oficina conduzida por representantes do Centro de Excelência contra a Fome do WFP, no Brasil. Intitulada “Integrando Estratégias Inteligentes para o Clima em Sistemas Alimentares Nutritivos e Sustentáveis”, o workshop contou com a presença de pelo menos 100 participantes. Brasil, Camboja e Quênia apresentaram os programas nacionais de alimentação escolar conduzidos em seus países. Cada representante trouxe para o debate desafios enfrentados na implementação de refeições escolares baseadas na agricultura familiar e estratégias adotadas para superar essas dificuldades.
Visita de campo
A atividade final do Fórum foi a visita a uma escola japonesa para observar na prática como o Shokuiku, modelo japonês de Educação Alimentar e Nutricional, é aplicado. O modelo foca na participação dos estudantes em todo o processo de alimentação escolar, considerando aspectos nutricionais, sustentabilidade, tradição e socialização das crianças. Nesse modelo, as crianças são incentivadas a participar da colheita dos alimentos, no processo de servir o almoço umas às outras e no compartilhamento e conversa sobre suas marmitas, de forma a experimentar alimentos diferentes dos habituais.
Texto produzido com apoio de informações da Agência Brasileira de Cooperação.