RAES participa do evento ‘Oficinas Regionais de Transformação dos Sistemas Agroalimentares e Compromissos de Nutrição para o Crescimento-N4G’, realizado no Panamá

Países da América Latina e do Caribe (ALC) se uniram em um diálogo regional para promover a sustentabilidade em todo o sistema agroalimentar, tornando-o mais sustentável e sensível à nutrição, propondo a adoção das diretrizes alimentares baseadas em sistemas alimentares (GABSA) como uma medida-chave para alcançar a segurança alimentar, o direito à alimentação, melhorar a nutrição e garantir o acesso a alimentos frescos, de produção local e, acima de tudo, dietas saudáveis para todas as pessoas, sem deixar ninguém para trás.

Brasília, Brasil, 6 de setembro de 2024 – Representantes da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES) apresentaram duas palestras sobre alimentação escolar sustentável no evento internacional ‘Oficinas Regionais de Transformação dos Sistemas Agroalimentares e Compromissos de Nutrição para o Crescimento-N4G’, realizado na Cidade do Panamá, Panamá, entre os dias 3 e 6 de setembro.

A RAES é uma estratégia desenvolvida pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e conta com a secretaria executiva da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A primeira participação foi de Karine Santos, coordenadora do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do Brasil, que explicou o trabalho desenvolvido pela Cooperação Internacional Brasil-FAO em alimentação escolar desde 2009 e pela RAES. “Atuando por meio da Rede RAES, podemos apoiar a construção de um sistema alimentar mais resiliente, mais inclusivo, mais comprometido com a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. E com mais capacidade de mudar essa cultura alimentar”, afirmou Karine Santos.

Por sua vez, Najla Veloso, coordenadora do projeto Agenda Regional para a Alimentação Escolar Sustentável em ALC, preparou uma dinâmica fazendo duas perguntas aos participantes: uma questionava “Como poderia se vincular as guias alimentares dos países com os cardápios escolares?” e a outra perguntava “Quais são as contribuições efetivas dos programas de alimentação escolar (PAE) para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas?”.

Ao final do evento, a coordenadora destacou que os PAE são estratégias importantes para alcançar uma melhor nutrição e impactos na busca por sistemas agroalimentares sustentáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental, especialmente por meio da adoção de cardápios saudáveis, de múltiplas ações de educação alimentar, nutricional e ambiental, e de compras públicas de alimentos in natura e locais, produzidos de maneira ambientalmente sustentável. 

“Por tudo isso, é fundamental que os países estejam conectados, em diálogo permanente e tomando decisões para enfrentar os muitos desafios que ainda temos em nossa região, evidenciando a importância da adesão formal à RAES, por meio da assinatura da Declaração de Compromissos em favor dos PAE em ALC”.

Israel Ríos, Oficial de Nutrição da FAO, destacou a importância da nutrição para alcançar uma verdadeira transformação dos sistemas agroalimentares na região. Disse que o mundo enfrenta uma “tempestade perfeita” exacerbada pelas mudanças climáticas, pela perda da biodiversidade alimentar e pelas altas taxas de má nutrição, sobretudo obesidade e doenças não transmissíveis. “Tudo isso nos distancia das metas propostas na Agenda 2030. Alcançar um mundo livre da fome requer medidas inovadoras, criativas e que integrem a abordagem sistêmica para garantir que os mais vulneráveis tenham acesso a dietas saudáveis”, afirmou o Dr. Ríos.

Daniela Godoy, oficial sênior de políticas da FAO, apresentou o Plano de Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome da CELAC 2030. Mencionou que o plano conta com políticas e iniciativas bem-sucedidas de segurança alimentar desenvolvidas na região e indica caminhos para avançar na erradicação da fome na região. Também apresentou os três pilares do plano: i) fortalecer marcos jurídicos e institucionais e políticas macroeconômicas e comerciais; ii) promover a produção sustentável, o fornecimento de alimentos e o seu acesso; e iii) garantir a acessibilidade e o consumo de dietas saudáveis para toda a população.

Sobre o evento internacional 

O evento foi um esforço conjunto entre a FAO, o Movimento Scaling Up Nutrition (SUN), o projeto de cooperação EU4SUN, financiado pela Comissão Europeia e implementado pela Fundação Internacional e para Iberoamérica de Administração e Políticas Públicas (FIIAPP). Além disso, foi coorganizado pelo Programa Mesoamérica Sem Fome AMEXCID-FAO, uma iniciativa conjunta da Agência Mexicana de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AMEXCID) e a FAO; e pela Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), promovida pela Cooperação Internacional do Governo do Brasil e pela FAO em Alimentação Escolar.

A inauguração do evento foi presidida por Beatriz Carles, Ministra de Desenvolvimento Social (MIDES) do Panamá; Francisco Ameglio, Ministro Encarregado no Ministério de Desenvolvimento Agropecuário (MIDA) do Panamá; Laura Suazo, Secretária de Estado nos Despachos de Agricultura e Pecuária da República de Honduras; Brieuc Pont, Secretário Geral da Cúpula de Nutrição para o Crescimento, delegado pelo Ministério das Relações Exteriores da França; Adoniram Sanches Peraci, Coordenador Subregional da FAO para Mesoamérica; e a Karen Holder, Diretora de Provisão de Saúde do Ministério da Saúde (MINSA) do Panamá.

A fome na região

Em uma fala por videoconferência, o Subdiretor Geral da FAO e Representante Regional para ALC, Mario Lubetkin, comentou que em um mundo onde 2,33 bilhões de pessoas não conseguem acessar alimentos nutritivos e seguros e que 187,6 milhões de pessoas vivem insegurança alimentar moderada e grave na região, é de extrema importância alcançar a sustentabilidade na produção, processamento, transporte, comercialização e consumo de alimentos, ou seja, em todo o sistema agroalimentar.

Adoniram Sanches Peraci, Coordenador Subregional da FAO para Mesoamérica, explicou que os sistemas agroalimentares sustentáveis têm a capacidade de enfrentar a escassez de água, responder às mudanças climáticas e proteger a biodiversidade agroalimentar mundial. Além disso, explicou que esses sistemas podem garantir o crescimento econômico sustentável e o emprego decente nas zonas rurais, assegurar o fornecimento de alimentos a preços acessíveis nas cidades e contribuir significativamente para acabar com a fome, algo que só pode ser alcançado em parceria com todos os agentes relacionados com a alimentação e a agricultura.