RAES participa do fórum global N4G e de eventos paralelos organizados pelos governos do Brasil e da França


Rede esteve nos encontros internacionais reafirmando o papel da alimentação escolar como política transformadora

Brasília, Brasil, 31 de março de 2025 – A Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES) marcou presença em eventos internacionais de alto nível político na França entre os dias 26, 27 e 28 de março. A RAES participou de painéis científicos, da programação da Cúpula Nutrição para o Crescimento (N4G) e do evento paralelo promovido pelos governos do Brasil e França intitulado “Unindo esforços globais para assegurar programas de alimentação escolar nutritivos para cada criança”, sediado na Embaixada do Brasil em Paris.

A RAES é executada conjuntamente pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A secretária-executiva da RAES, Najla Veloso, que também atua como especialista sênior em alimentação escolar da FAO, representou a Rede nos encontros. 

Essa Rede conta com a adesão formal de 18 países e com essas participações reforçou sua presença no cenário global, destacando o trabalho desenvolvido desde 2009 na América Latina e no Caribe, bem como os avanços dos países da região na política de alimentação escolar.  

O N4G reuniu líderes globais para alinhar políticas e recursos destinados à nutrição e teve como objetivo colocar a alimentação saudável no centro das agendas de desenvolvimento sustentável. Já no evento paralelo em Paris, estiveram presentes representantes do governo brasileiro, organismos internacionais e especialistas para debater avanços e desafios da alimentação escolar como ferramenta para a segurança alimentar e nutricional global.

A Primeira-Dama Janja Lula da Silva, Embaixadora da Alimentação Escolar do Brasil, destacou o papel estratégico da alimentação escolar na transformação econômica e social das mulheres e comunidades. “Falar sobre alimentação escolar é falar de economia. No Brasil, fortalecemos a conexão entre a agricultura familiar e a alimentação escolar, o que nos diferencia globalmente”, afirmou.

A mesa de debates, mediada por Cecília Malaguti, coordenadora-geral de cooperação técnica trilateral com organismos internacionais da ABC, contou com a presença da presidente do FNDE, Fernanda Pacobahyba; de Najla Veloso, representando a RAES; da Coordenadora da Secretaria da Coalizão para a Alimentação Escolar, Emilie Sidaner; do Diretor do Consórcio de Pesquisas da Coalizão para Alimentação Escolar para a Iniciativa de Saúde e Nutrição nas Escolas, Professor Donald Bundy; e do Coordenador de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Ministro Saulo Ceolin.

Pacobahyba destacou a evolução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), citou o marco legal que estabelece a aquisição de pelo menos 30% dos alimentos do programa diretamente da agricultura familiar e mencionou outros avanços. “Demos um passo gigantesco na restrição de ultraprocessados, reduzindo sua participação para 15% e mirando em 10% no próximo ano. Queremos comida de verdade no prato das crianças. O Brasil tem uma trajetória sólida na construção de políticas públicas que garantem não apenas a alimentação escolar, mas também o desenvolvimento humano e social”, afirmou. 

Najla Veloso ressaltou a importância da RAES como referência na América Latina e Caribe, enfatizando que o Brasil não busca ser um modelo, mas um parceiro na construção coletiva de soluções. Também enfatizou a relevância do trabalho da FAO na região e sua capilaridade nos países. “Esse apoio é fundamental para o fortalecimento da alimentação escolar”. 

Donald Bundy, do Consórcio de Pesquisas da Coalizão para Alimentação Escolar, reforçou a importância das redes regionais e sub-regionais para a construção de ferramentas e soluções globais. “A RAES é um exemplo de como redes regionais podem influenciar políticas e práticas em escala global, por meio da troca de experiências entre as diversas redes”, afirmou.

Por sua vez, Saulo Ceolin destacou a sinergia entre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada durante a presidência brasileira do G20, e os programas de alimentação escolar, que estariam entre as principais iniciativas sugeridas na cesta de políticas estabelecida pela Aliança. “A cada dólar investido, temos um retorno de ao menos 10 vezes em termos de economia, saúde e qualidade de vida”, disse. 

A Coalizão para a Alimentação Escolar destacou o impacto da participação brasileira nesta iniciativa global. “Nutrição e dietas saudáveis estão no centro do debate. A União Africana, por exemplo, tem avançado muito na agenda da alimentação escolar e essas coalizões globais são fundamentais para fortalecer os compromissos dos países”, explicou Emilie Sidaner. Ao final, a ABC reafirmou seu compromisso com a cooperação internacional como mecanismo de apoio para que cada estudante tenha acesso a uma alimentação escolar saudável e de qualidade.

Outras participações brasileiras 

Além desse painel, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) organizou, também na Embaixada do Brasil, o evento “Sistemas Alimentares, mudanças climáticas e segurança alimentar e nutricional: desafios e soluções”. 

O governo do Brasil também marcou presença na sessão “Maximizando o impacto nutricional dos programas de alimentação escolar”. O encontro reuniu especialistas e representantes governamentais para discutir o impacto da nutrição escolar e o desenvolvimento de diretrizes baseadas em evidências para programas de alimentação nas escolas. Durante o evento, Karine Santos, Coordenadora-Geral do PNAE, do FNDE, apresentou o programa brasileiro e fez um chamado para investimentos que apoiem os governos na adoção de padrões nutricionais para refeições escolares e na construção de ambientes alimentares saudáveis.