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Aumenta número de pessoas em segurança alimentar no Brasil, diz pesquisa

Pesquisa em domicílios revelou que o Brasil tem cerca de 72% da população em estado de segurança alimentar e nutricional

Brasília, Brasil, 30 de abril de 2024 – A quantidade de famílias brasileiras em segurança alimentar e nutricional aumentou no último ano, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final de abril. Segundo o IBGE, 56,7 milhões de domicílios brasileiros, que reúnem 152 milhões de pessoas (72,4%), encontram-se em situação de segurança alimentar.

A metodologia da pesquisa envolve um questionário sobre a situação alimentar do domicílio nos 90 dias que antecederam a entrevista. O domicílio é, então, classificado em quatro níveis, segundo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. O grau segurança alimentar demonstra que aquela família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente.

“A gente não fala de pessoas [individualmente], a gente fala de pessoas que vivem em domicílios que têm um grau de segurança ou insegurança alimentar”, destaca o pesquisador Andre Martins, do IBGE.

Por outro lado, o grau insegurança alimentar leve ainda afeta 14,3 milhões de famílias (43,6 milhões de pessoas) e significa que há preocupação ou incerteza em relação aos alimentos no futuro, além de consumo de comida com qualidade inadequada de forma a não comprometer a quantidade de alimentos. Já a insegurança alimentar moderada atinge 4,2 milhões de famílias (11,9 milhões de pessoas) e demonstra redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre os adultos.

A insegurança alimentar grave – também chamada de fome – atinge cerca de 3,2 milhões de domicílios brasileiros, o equivalente 8,7 milhões de pessoas. São pessoas que enfrentam redução quantitativa de comida e ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores, incluindo as crianças. De acordo com o IBGE, a fome recuou de 4,6% em 2018 para 4,1% em 2023. Em 2013, no entanto, essa situação afetava 3,2% dos brasileiros.

A situação de segurança alimentar está inferior àquela observada no ano de 2013. Naquele ano, a segurança alimentar era garantida a 77,4% dos lares, enquanto a insegurança alimentar leve atingia 14,8% dos domicílios, a insegurança moderada, 4,6% e a insegurança grave, 3,2%.

‘Reflexo da priorização do combate à fome’

“A fome está vinculada à extrema pobreza e à desigualdade de renda. O Brasil tem alimentos suficientes, mas a falta de acesso aos alimentos é que produz dados como esses”, afirmou Najla Veloso, coordenadora do projeto Agenda Regional de Alimentação Escolar Sustentável para a América Latina e o Caribe, executado no marco do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, em entrevista ao podcast JR 15 minutos. Na entrevista, Najla destacou desigualdades regionais no Brasil, o fato de as áreas rurais também enfrentarem essa realidade e mencionou que lares chefiados por mulheres sofrem mais com a fome.

Por outro lado, afirmou que os dados trazem um recuo da fome no país. “Isso mostra que existe eficácia e eficiência nas políticas sociais adotadas no enfrentamento desta realidade”. Para a especialista, essa diminuição é reflexo de uma “priorização da agenda do combate à fome e à pobreza extrema”.

Programas e políticas sociais

Najla destacou políticas sociais que têm impactado positivamente no cenário, como o Bolsa Família, com sua transferência condicionada de renda que aumenta o poder de compra das famílias, a geração de emprego e renda, a menor inflação dos alimentos, a elevação do salário mínimo, bancos de alimentos e restaurantes comunitários e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que estimula as compras públicas de pequenos agricultores, entre outras ações.

“A questão da segurança alimentar e nutricional diz respeito a um conjunto de ações que precisam ser enfrentadas. Essas políticas adotadas ajudam não só no enfrentamento à pobreza, mas também impactam nos índices de mortalidade infantil, na melhora da participação feminina no mercado de trabalho, no rendimento da educação e diminuem as desigualdades regionais”, comenta. “É um problema complexo que demanda soluções complexas”.

Política de alimentação escolar

Sobre a fome em crianças e jovens, Najla Veloso comentou que a escola é um dos caminhos mais sustentáveis para lidar com a situação. “A escola no Brasil é atendida por um Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que atende a cerca de 40 milhões de estudantes todos os dias e que hoje é uma política regulamentada do ponto de vista nutricional, de maneira que se deve oferecer comida de verdade”, comentou.

“Esta política, além de ter essas diretrizes de acesso à alimentação saudável e adequada, tem um componente de produtos comprados da agricultura familiar. É muito potente ao atender necessidades nutricionais dos estudantes nas escolas, melhorar a qualidade do alimento oferecido e ainda ter esse viés de dar condições para que o agricultor familiar possa aumentar sua renda”.

Conteúdo adaptado pela Equipe da RAES a partir de publicação da Agência Brasil